Um papel, uma caneta e uma mente aberta. Um homem qualquer e de vida
boêmia que coloca palavras e frases sem sentido em uma página de um caderno
velho. Poeta Desconhecido, essa era sua assinatura.
Pois bem. Era noite, estava sentado no canto de seu quarto, e, ao seu lado, uma
garrafa de uísque e um maço de cigarros. O cinzeiro é uma garrafa quebrada e a
luz do ambiente é fraca. O Poeta Desconhecido deixa a janela aberta. Sentado ao
chão, como de costume, acende um incenso para uma purificação espiritual antes
de começar escrever. O vento balança os galhos das árvores suavemente e uma
leve brisa entra no quarto deixando o ambiente mais tranquilo. O Poeta
Desconhecido começa escrever tudo o que vem à mente, sem parar para ler o que
está escrevendo. Escreve mais um pouco e larga o caderno e a caneta no chão.
Toma uns goles de uísque e acende um cigarro. Vai até a janela e observa o céu
com uma expressão de “trabalho concluído”.
Amanheceu. O Poeta Desconhecido se sentia meio tonto e com dor de
cabeça. Olha em volta de seu quarto e vê a garrafa vazia ao lado da cama e
algumas folhas amassadas no chão do quarto. Não poderia ser diferente. Não
pode. Não deve. É lei. Sabe quando os pensamentos estão confusos e nem
lembramos o que foi que aconteceu? É assim que o Poeta Desconhecido se sentia. Ele
só não entendeu as marcas de batom na camisa e o sutiã embaixo da cama.